quinta-feira, 22 de março de 2012

AQUECIMENTO VOCAL

Aquecimento Vocal
O aquecimento vocal é uma prática saudável e recomendada por fonoaudiólogos para profissionais da voz, pessoas que utilizam a voz como ferramenta para o trabalho — atores, professores, cantores, locutores, advogados, oradores, apresentadores, dubladores, operadores de telemarketing, ambulantes, políticos, fonoaudiólogos e muitas outras categorias que se enquandram neste perfil de profissional.
O aquecimento vocal promove a saúde vocal e a potencialização das características da voz, atendendo a uma demanda vocal que pode provocar sintomas desagradáveis como rouquidão, cansaço e fadiga (vocal e, com as recidivas, corporal). O profissional da voz que está sempre rouco, fica cansado fisicamente durante o trabalho com uso da voz. Ele necessita de conhecimento e treinamento sobre o uso mais adequado da sua voz como medida profiláxica.
A voz é produzida na laringe, nas pregas vocais (que correspondem a dois pares de músculos, o tíreo-aritenóideo, de cada lado). Quando inspiramos, armazemos uma quantidade de ar nos pulmões. Durante a fala, esse ar é expirado, passando pelas pregas vocais e, devido a mudanças de padrões da musculatura, gerados pelo cérebro, provoca mudanças de pressão abaixo das pregas vocais. Essa pressão faz com que as pregas vocais vibrem durante a passagem do ar. Esse mecanismo se assemelha a um balão (bexiga) quando abrimos sua boca para a passagem do ar com um ruído intenso. O mesmo acontece com a voz. A vibração das pregas vocais quando da passagem do ar expiratório gera um som conhecido por nós como voz.
Todo este aparato pode, muito freqüentemente, provocar tensões e maus padrões na musculatura e demais estruturas envolvidas na produção da voz (fonação). Alguns destes padrões nocivos podem levar a patologias vocais funcionais ou orgânicas.
O aquecimento vocal é um meio para nos prevenirmos desses males, pois, além de potencializar nossa capacidade de projetar a voz, equilibrando a emissão e dando resistência vocal a pessoas que falam por um longo período de tempo, ainda nos despertam para o auto-cuidado com a voz e a propriocepção, que o sentido de percebermos nosso corpo (no caso, o que está envolvido na fonação).
A fisiologia do aquecimento vocal segue a mesma lógica de qualquer outro aquecimento muscular.
ntes de começar o aquecimento vocal deve-se fazer um relaxamento da musculatura cervical. É da maior importância que tudo seja feito lentamente, sem precipitação, e com dorso encostado, cabeça em posição normal, sem baixar nem erguer. Coloco abaixo dicas de exercícios que ajudarão no seu desenvolvimento da elasticidade muscular e vocal, sem causar nenhum dano aquele que o executa.
Após fazer o relaxamento e o aquecimento vocal, não sentirá tensão ao cantar, perceberá melhor projeção e impostação da voz, e falará por mais tempo sem cansaço, o desaquecimento deve ser feito após a atividade vocal.
Por acaso você já pensou na célebre frase: “Fale para que eu veja”? A voz é a expressão sonora da personalidade, carregando mensagens muito mais amplas que a própria palavra, emprestar-lhe novo significado, simplesmente através de uma inflexão ou da tonalidade. Dessa maneira, alteramos nossa voz o tempo todo, segundo o contexto e a carga efetiva. Quando estamos felizes, elevamos o tom e produzimos inflexões vocais em direção aos agudos; por outro lado, quando estamos deprimidos, baixamos o tom de nossa voz, direcionando-a para os graves; quando externamos afeto, lançamos mão do recurso da nasalidade; nas ocasiões em que estamos irritados também aumentamos a intensidade da voz. Na realidade, existem muitas situações nas quais alteramos a maneira de utilizar a voz com a finalidade de demonstrar nossos sentimentos e emoções momentâneas. Aliado a isso, cada pessoa tem uma voz tão inconfundível e individual como o rosto ou as impressões digitais. Essa qualidade pessoal e única, depende fundamentalmente das características de seu trato vocal, determinantes do timbre.
Ao mesmo tempo podemos, com prática e treinamento, manipular nossa sonoridade vocal e nossa “emoção vocal”, e isto a mídia já percebeu e usam disto constantemente. Veja os atores de novela, assista aos telejornais e observe os comunicadores de programa de palco, “veja” sua sonoridade típica, veja também atendentes de telefone uma sonoridade leve e agradável, vendedores de tele marketing, e tantos outros profissionais da vocal. Porém, os que mais me impressionam, são os atores vocais, ou o que chamamos de dubladores; estes são verdadeiros especialistas do trato vocal, pois, num dia ele faz o papel de um personagem mau, com voz ríspida e suja, daqui um pouco, faz papel de um príncipe, logo depois, é um menino medroso, fazendo sonoridade extremamente diversa e independente.
Algumas vezes nos deparamos com vozes que ecoam mal dentro de nós, em outras ocasiões, não nos conformamos com a nossa própria voz, mesmo sabendo que a voz que ouvimos de nós mesmos, não é a mesma que as outras pessoas ouvem. Isso acontece por que os outros captam a nossa voz através do ar e nós a ouvimos principalmente através da transmissão óssea; por isso é que tanta gente se surpreende ao constatar a própria voz depois de uma gravação.
Mas, ainda hoje, muita gente se descuida de um dos instrumentos mais importantes para se viver bem e alcançar sucesso, ou seja, uma voz bem modulada, que não comprometa a mensagem que se deseja transmitir. Por isso, é de extrema importância regular e modelar sua sonoridade vocal.
A voz que nos revela e que possa gerar confiança e solidariedade, precisa ser agradável, confortável tanto para quem ouve como quem a executa, por isso, é extremamente necessário conservar a saúde da voz, e isso pode ser feito observando-se alguns cuidados especiais:
Aquecimento
  1. Fazer movimentos de lateralização da cabeça, como se estivesse afirmando “sim” ou “não”.
  2. Girar a cabeça, num círculo completo, lentamente, descontraindo ao máximo o pescoço, cinco vezes para cada lado.
  3. Girar a cabeça emitindo um tom médio, de boca fechada, cinco vezes para cada lado.
  4. O tom médio é o seu tom natural de voz, quando você começa a falar, sem prestar atenção à altura da voz que emprega, surge quase espontaneamente, ainda sentado, emitir um “aaaaaaaaa” prolongando, girando, a cabeça cinco vezes de cada lado.
  5. Girar a cabeça emitindo um “iiiiiiiiiiii” prolongado, cinco vezes para cada lado.
  6. Erguer os ombros e baixá-los, sempre com o corpo encostado na poltrona, cinco vezes.
  7. Respiração – emissão do “s” e “z” prolongado (respiração diafragmática);
  8. “Hum” mastigado – fazendo escala.
  9. Vibração de língua – escala ascendente;
  10. Vibração de lábios;
  11. “P” prolongado – pa pa pa;
  12. Respirar, em alívio, várias vezes, a respiração deve ser nasal, silenciosa, com a língua baixa e sem a intervenção de músculos auxiliares, com um movimento misto do abdômen e porção inferior do tórax.
  13. Vibrar lábios ou língua, associando ao som “trrrrrrrrr”, durante três minutos.
  14. Mastigar sonorizando: “aaaaah”, “mmmmm”, “aaaaah”, “mmmm” fazer com que o “aaaaa” apareça bem oralizado e claro, e o “mmmmm” fortemente anasalado, a duração média desse exercício é cinco minutos.
  15. Fazer durante três minutos: “nhan, nhan, nhan”.
  16. Fazer vários bocejos seguidos, da maneira mais natural possível, sonorizando sem tencionar a laringe, deixando-a livre e solta, é importante sentir o som na frente com expansão e abertura.
  17. Inspire (armazenando o ar na região abdominal, como vocês já aprenderam) até que a barriga esteja repleta de ar.
  18. Agora solte o ar aos pouco utilizando o som:
Prrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr……
Observe que neste exercício a língua deve vibrar bastante!!!! Caso a sua língua não vibre e você esteja forçando para emitir este som, PARE, pois estará fazendo da forma errada.
Mas se você conseguiu emitir o som com a vibração constante da língua, repita este exercício todos os dias pelo menos durante 10 minutos.
Se for cantar em uma apresentação ou videokê ou ensaiar com sua banda por muito tempo, pré-aqueça sua voz durante 20 minutos (no mínimo) antes de começar a cantar.
  1. Pode-se também utilizar outras consoantes que possibilitarão o mesmo efeito como, por exemplo, o som:
Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr…
Como se você fosse imitar o som do telefone (TRRRRRIM!!!), mas lembrando de prolongar bastante os erres (RRRR…) até acabar o ar.
  1. Depois de já haver treinado bastante e já estar emitindo os sons PRRRR… e TRRRR… Sem falhas ou interrupções, vamos repetir o exercício anterior com uma diferença:
  2. No final de cada som iremos acrescentar as vogais A,E,I,O,U.
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!!
PrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!!
  1. Exemplo 2:
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÁ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÉ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÍ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÓ!!!!
TrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrÚ!!!!
Importante:
  • Assim como nos exemplos acima, o som que você estiver produzindo para pré-aquecer, deverá estar no mesmo volume, intensidade e tom.
  • Não brinque com este exercício fazendo sons muito agudos, muito graves ou misturando os dois tons. Se quiser tentar, observe se sente dor, talvez esteja fazendo algo de errado.
  • Repita os exercícios sempre no seu tom natural.
  • Como fazer para identificar o seu tom natural?
  • É simples, o seu tom natural é aquele que você emite sem “forçar a garganta”, é um som natural que sai sem esforço nenhum, como se você estivesse falando.
  • Aos poucos depois de sentir segurança, poderá tentar forçar os limites, mas, sempre sem sentir dor, procure desenvolver sua extensão, procure usar falsete, o mais grave que posso produzir,
  • Se você não conseguiu fazer estes exercícios até acabar o ar armazenado (sem utilizar o ar de reserva, certo???), ou seja, você começou bem, mas no meio do exercício o som falhou, pare! Respire fundo por 3 vezes, relaxe um pouco e só então recomece.
  • É muito comum, no início, não conseguirmos emitir estes sons até o final, pois trata-se de sons que nós não estamos habituados a produzir, mas com o treino diário, fica cada vez mais fácil, acreditem!!!
Desaquecimento
  1. Massagem digital laringe;
  2. Vibração de língua ou lábio – escala descendente;
  3. Voz salmodiada – “voz de padre”;
  4. Bocejo – suspiro;
  5. Repouso vocal.
  6. Mastigando várias vezes
  7. Engolindo bastante
Observações importantes:
  • Beber muita água, principalmente durante as apresentações;
  • Aquecer e desaquecer a voz;
  • Não se automedicar;
  • Fazer uma avaliação com o auxílio de um médico otorrino.
Após esta serie de conselhos espero que sinta a voz muito mais elástica, firme, resistente, e verá que sempre ao cantar esses exercícios sempre o ajudarão a ter uma performance mais correta e segura.
É importante lembrar que, a dor é um referencial que está algo de errado acontecendo, ranhuras na voz, pequenos incômodos podem ser um sinal vocal que algo fora do lugar. Fique atento; cantar faz bem, não pode haver qualquer tipo sensação ruim.
Bons estudos, e sucesso.


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