Nirvana foi uma banda de grunge fundada no ano de 1986 em Aberdeen (Washington), nos Estados Unidos da América. O grupo se desfez em 1994 com a morte de seu líder e vocalista, Kurt Cobain. Foram considerados como a maior banda grunge da história e uma das maiores da história do rock.





Em 1986, o Twitter se desintegrava. Kurt continua brincando de rock em jams com vários colegas. Novoselic passa a ser um companheiro mais freqüente de ensaios, tocando seu baixo. O primeiro nome da banda é Stiff Woodies. Depois, para ganhar uns trocados em bares, eles atualmente com o nome de The Sellouts, fazendo covers de Creedence Clearwater Revival. Kurt toca bateria, Novoselic toca guitarra e canta, e um certo Steve Newman assume o baixo.
Em Janeiro de 1987, Aaron Burckhardt passa a ser o baterista fixo do trio que seguirá mudando de nome até 1988: Skid Row, Bliss, Throat Oyster, Pen Cap Chew e Windowpane. Em 17 de Abril, com o nome de Skid Row, o trio toca ao vivo na rádio comunitária KAOS, na Evergreen State College, em Olympia. A apresentação se transforma na primeira fita demo da banda. Em Outubro, Aaron é quicado da banda, que passa a ensaiar com Dale Crover, que integrava os Melvins. É uma solução breve, apenas para a gravação de uma fita demo decente em um estúdio de verdade. Em setembro, Kurt começa seu primeiro namoro firme com Tracy Marander. Ele vai morar com ela. De paixão, iam bem. Mas a falta de asseio e a ociosidade de Kurt começam a criar atritos.
Em 23 de Janeiro de 1988, Cobain, Novoselic e Crover gravam no Reciprocal Studios, em Seattle, com o produtor Jack Endino, que abriu o local em 1986. O trio sem nome definido grava dez músicas em seis horas. Naquela noite, a banda se apresentaria com o nome de Ted Ed Fred em Tacoma, cidade vizinha. Em Fevereiro, Jonathan Poneman, da Sub Pop, ouve a fita demo depois de um toque de Jack Endino e gosta. Marca uma conversa com Kurt Cobain em um café em Seattle. Os dois acertam a gravação de um compacto. Em março, a banda escolhe seu nome definitivo: Nirvana, que é usado pela primeira vez num show em Tacoma, com Dave Foster na bateria. Ele logo seria dispensado. Em maio, Chad Channing assume o posto de baterista definitivo. Em junho, o Nirvana grava músicas para seu primeiro compacto pela Sub Pop - “Love Buzz / Big Cheese” saiu em novembro.

O disco que até hoje já vendeu mais de 10 milhões de cópias. Foi o maior sucesso da banda, as músicas Smells Like Teen Spirit, Come As You Are foram tocadas até a exaustão… A MTV descobre a banda e é elevada à décima potência… Se tornou uma grande banda, mas por vezes ficava nas manias e humores de kurt…
NirvanaQuando ganhou sua primeira guitarra elétrica no seu décimo quarto aniversário, depois de escolher entre esta e uma bicicleta, Kurt logo começou a aprender algumas músicas e tocava alguns covers, como de “Back in Black” do AC/DC e “My Best Friend’s Girl” da banda The Cars. Sem demora, começou a trabalhar em suas próprias canções.
Durante o Ensino Médio, quando aprimorava seu dom de guitarrista, nunca encontrou ninguém para tocar de modo espontâneo e divertido, até que conheceu o amigo Krist Novoselic. A mãe de Krist era dona de um salão de beleza e os dois começaram a ensaiar eventualmente na sala que ficava no último andar do prédio. Nessa época, deu a Novoselic uma fita demo de sua banda ou projeto pessoal, Fecal Matter. Depois de alguns meses de indecisão, Krist finalmente ouviu a fita e gostou. Acabou por concordar em formar uma banda juntamente com seu mais novo amigo, que resultaria no Nirvana.
Cobain e Novoselic formam sua primeira banda, chamada Stiff Woodies, que logo se desfez. Quando estavam em vias de cada um seguir seu próprio caminho, a dupla descobriu que os Melvins conseguiam ganhar 80 dólares por show realizado. Isso deu ânimo aos dois, que passaram a atuar sob o nome de The Sellouts, fazendo covers de Creedence Clearwater Revival. Kurt toca bateria, Novoselic toca guitarra e canta, e um certo Steve Newman assume o baixo. Em janeiro de 1987, Cobain e Novoselic conhecem Aaron Burckhardt, que passa a ser o baterista fixo do trio, que seguirá mudando de nome até 1988: Skid Row, Bliss, Throat Oyster, Pen Cap Chew e Windowpane. Nesse período Kurt e Novoselic assumiram seus postos musicais fixos: vocalista e guitarrista e baixista, respectivamente. Kurt tornara-se também o compositor da banda. Em 17 de abril, com o nome de Skid Row, o trio toca ao vivo na rádio comunitária KAOS, na Evergreen State College, em Olympia. A apresentação se transforma na primeira fita demo da banda. Em outubro, Aaron sai da banda, que passa a ensaiar com Dale Crover, que integrava os Melvins. É uma solução breve, apenas para a gravação de uma fita demo decente em um verdadeiro estúdio.

O interesse por um álbum crescia, não só pela banda, mas também pelos funcionários da Sub Pop. As sessões finais de gravação para o disco de estréia da banda - Bleach - aconteceram em dezembro de 1988. Em fevereiro de 1989, Jason Everman é escalado como segundo guitarrista da banda e faz sua estreia em um show na Universidade de Washington. Amigo de Chad Channing, Everman emprestou 600 dólares para pagar o tempo de estúdio das gravações de Bleach - a título de curiosidade, Jason nunca chegou a ser reembolsado. Embora não tocasse no disco, seu nome foi impresso na capa como membro da banda e segundo guitarrista. Em 15 de Junho, o trabalho é finalmente lançado pela Sub Pop e bem aceito pelo público e crítica. A banda sai em turnê, inclusive pela Europa, e ganha holofotes de grandes mídias.
O baterista Chad Channing deixa o Nirvana alegando incompatibilidade musical. Em 1990, o guitarrista e vocalista dos Melvins, Buzz Osborne, encorajaram Novoselic e Cobain a procurarem por uma banda punk chamada Scream. A dupla ficou muito impressionada com seu baterista, Dave Grohl. Semanas depois, o Scream desintegrava-se - era a deixa para Dave envolver-se com o Nirvana. Dave ligou para Osborne dando o recado, quando Osborne deu a ele o número de telefone de Krist. Krist acabou convidando Dave para viajar até Seattle para uma conversa bastante promissora. O baterista fez um teste e passou com louvor. O Nirvana encontrava seu melhor baterista e a banda transforma-se numa verdadeira máquina.


Courtney Love viu Kurt, pela primeira vez, durante um show do Nirvana em Portland, estado de Oregon, no ano de 1989. Os dois tiveram uma rápida conversa naquela noite e Love logo desenvolveu uma queda pelo cantor. De acordo com o jornalista Everett True, os dois foram formalmente apresentados apenas em maio de 1991, em Los Angeles, durante um concerto das bandas L7 e Butthole Surfers]. Nas semanas que se seguiram, depois de descobrir através de Dave Grohl que Cobain também sentia-se atraído por Courtney, ela começou a persegui-lo. Mais algumas semanas e os dois se viram saindo juntos, o que começou no outono de 1991.

Em 18 de agosto de 1992 nasce a filha do casal. Courtney Love dá a luz à Frances Bean Cobain, uma bebê linda e saudável. Seu nome do meio (que significa “feijão” em português) foi dado a ela por Kurt, que dizia que a filha parecia um feijãozinho durante os primeiros exames de ultra-som. O primeiro nome parece ter vindo de uma admiração que Kurt tinha por Frances Farmer (atriz de cinema e teatro) e/ou por Frances McKee (cantora da banda The Vaselines).
Courtney costuma ser bastante impopular pelos fãs do Nirvana. As críticas mais verozes a acusam de ter se aproximado de Kurt apenas com o intuito de tornar-se famosa. A mídia que compara Kurt Cobain com John Lennon costuma comparar, também, Courtney Love com Yoko Ono. Rumores apontam que o disco “Live Through This”, considerado o melhor álbum da banda Hole, banda de Love, teria sido quase que totalmente composto por Kurt. O boato tornou-se ainda mais forte após o surgimento de uma versão de “Asking for It” em que Kurt cantava nos backing vocals, mas não existem evidências fortes que confirmem a veracidade dos rumores.

Em 1992, circulou uma edição da revista Vanity Fair que trazia Courtney Love afirmando fazer uso de heroína durante a gravidez. Kurt e Love ficaram muito estremecidos e perturbados com a notícia. Courtney insiste que a revista citou erroneamente alguma fala sua. O romance entre Kurt e Love sempre atraiu a atenção da mídia, mas o casal se viu cercado de repórteres como nunca antes após a publicação daquela Vanity Fair. Depois que o artigo foi publicado, muitos queriam saber, acidamente e sem qualquer pudor, se Frances era uma viciada em drogas ao nascer. A Comarca do Departamento de Serviços à Criança de Los Angeles levou o casal Cobain à corte, alegando que o uso de drogas fazia dele pessoas desqualificadas para serem pais. Quando Frances tinha apenas duas semanas de idade, o juiz ordenou que a guarda fosse retirada dos Cobain e concedida à irmã de Courtney, Jamie, por várias semanas. Para obterem novamente a guarda de Frances, Kurt e Courtney tiveram que ser submetidos a diversos exames de urina e visitas regulares de assistentes sociais, para que se pudesse assegurar as boas condições dos pais. Depois de meses de brigas legais e judiciais, o casal conseguiu obter a total custódia de sua filha.

Vício nas Drogas
Praticamente do começo ao fim de sua vida, lutou contra a depressão, bronquite crônica e uma intensa dor estomacal nunca diagnosticada corretamente. Este seu último problema parecia associado ao seu bem-estar emocional, apesar das inúmeras tentativas que Kurt fez para descobrir sua causa verdadeira - nenhum dos médicos consultados foi capaz de especificar com precisão a causa dessa sua forte dor. Muitos sugeriram que o problema era resultado da escoliose que Cobain teve durante a infância, que estava relacionada com o forte stress durante as apresentações, somado ao peso da guitarra, que Kurt carregava nos ombros durante ensaios, gravações e apresentações.
Certamente, seu problema com as drogas foi o maior de todos os problemas que Kurt enfrentara na vida. Seu vício dramático, especial e praticamente pela heroína, foi um dos principais fatores, senão o principal, que o levou a optar por tirar sua própria vida, naquele abril de 1994. Kurt começou a experimentar drogas na oitava série, em 1980, quando passou a fumar maconha e a tomar LSD. Ele fumava baseados nas festas, depois com os amigos e, por fim, sozinho e diariamente. Quando chegou à nona série, era uma rematado maconheiro. A maconha era barata e abundante em Monte - a maioria cultivada em casa -, e ajudava Kurt a esquecer sua vida doméstica. O que começou como um ritual social se tornou seu anestésico favorito.

No outono de 1990, magoado por problemas em seu relacionamento com Tobi Vail, as mesmas perguntas que Kurt fizera a Jesse anteriormente poderiam agora lhe ser feitas. No início de novembro, ele superou seu medo de agulhas e pela primeira vez (de que se sabe oficialmente) se injetou heroína com um amigo em Olympia. Descobriu que os efeitos eufóricos da droga o ajudavam temporariamente a fugir de suas dores de cabeça e de estômago. No dia seguinte, Kurt ligou para Krist. “Ei, Krist, eu tomei heroína”, disse ele a seu amigo. “Uau! E como foi?”, perguntou Krist. “Ah, foi tudo bem”, respondeu Kurt. Krist então lhe disse: “Você não devia fazer isto. Lembre-se de Andy Wood”. Wood era vocalista do Mother Love Bone, uma próspera banda de Seattle, que morreu de overdose de heroína em março de 1990. Novoselic citou outros amigos de Olympia que haviam morrido pelo vício com heroína. A resposta de Kurt foi bastante retraída: “É, eu sei”. Novoselic, desempenhando o papel de irmão mais velho, advertia Kurt de que a heroína não era como as outras drogas que ele tomara: “Lembro de lhe ter dito literalmente que estava brincando com dinamite”.

Mas os amigos de Kurt ficaram assustados por seu agravante uso de drogas. Tracy havia finalmente perdoado Kurt e eles estavam se encontrando de vez em quando. Quando Shelli (esposa de Krist) contou a ela que Kurt estava tomando heroína, ela não acreditou no que ouviu. Naquela semana, Kurt ligou para Tracy tarde da noite, obviamente alto, e ela o questionou diretamente. Sobre o assunto, Tracy recorda: “Ele me disse que havia tomado algumas vezes. Disse que realmente gostava e que a droga o deixava mais sociável. Mas disse que não ia tomar o tempo todo. Tentei ser imparcial, dizendo-lhe que ele não devia fazer isso, procurando não levá-lo a sentir-se mal por tê-la tomado”. Uma semana depois, eles passaram uma noite juntos, comparecendo a várias festas. Entre os eventos, Kurt insistiu que parassem em sua casa para que ele fosse ao banheiro. Como ele não voltava, Tracy foi procurá-lo e o encontrou no chão, com uma garrafa de alvejante ao seu lado e uma agulha no braço. Ela ficou furiosa: Kurt havia se tornado algo que Tracy não poderia ter imaginado mesmo em seu pior pesadelo. “Alvejante”, a tradução para “bleach”, era usado para esterilizar agulhas. A brincadeira do título do primeiro disco do Nirvana não parecia engraçada para mais ninguém. Mas a heroína foi apenas uma pequena parte de 1990 para Kurt, e, na maior parte, ele manteve sua promessa de tomá-la apenas ocasionalmente. Ele era distraído de tudo o mais pelo fato de que sua carreira estava decolando como nunca antes.
Contudo, seu uso de heroína só foi aumentando com o passar dos anos. Na época de Nevermind, em 1991, o uso da droga começou a afetar diretamente não só a vida de Kurt, mas como também o Nirvana. Cobain passava mal durante shows e sessões de fotos. Um memorável exemplo de um fato como este aconteceu durante a performance da banda no programa humorístico Saturday Night Live, em 1992, quando o Nirvana fazia uma sessão de fotos com o fotógrafo Michael Levine. Cobain mostrava sonolência, ficava oscilando entre um estado acordado e um adormecido, mesmo de pé (sonolência é um dos efeitos da droga). Sobre essa ocasião, Kurt falou ao principal biógrafo do Nirvana, Michael Azerrad: “Quero dizer, o que eles podiam fazer? Não podiam me fazer parar. Então eu não estava nem aí. Evidentemente, para eles parecia que eu estava sob o efeito de alguma bruxaria ou coisa do tipo. Não sabiam de nada sobre o assunto então imaginavam que a qualquer segundo eu poderia morrer”. Na mesma noite, após a apresentação no Saturday Night Live, Cobain apareceu na sala do DJ Kurt St. Thomas e deu uma das entrevistas mais longas de sua vida, num clima de conversa expontânea entre amigos. Várias horas depois, quando o sol estava se erguendo na manhã de domingo, Courtney descobriu que Kurt estava sofrendo com a overdose de heroína que ele havia tomado depois da entrevista. Se fora intencional, não se sabe, mas Kurt era um viciado com gama de descuidado. Ela salvou sua vida ressuscitando-o, e, depois disso ele parecia tão bem como nunca havia estado antes.
Com o agravamento do vício, Cobain reconheceu que precisava mudar. Sua primeira tentativa de se livrar dos vícios aconteceu em no começo de 1992, logo que Kurt e Courtney descobriram que seriam pais. Courtney também tentou se limpar. Embora ambos estivessem se desintoxicando por causa do bebê, Kurt teve de partir duas semanas depois de receber a notícia para uma excursão no Extremo Oriente. “Eu me vi percebendo que não conseguiria drogas quando chegássemos ao Japão e à Austrália”, escreveu ele em seu diário.
Os primeiros concertos na Austrália transcorreram normalmente, mas no prazo de uma semana Kurt estava sofrendo novamente com a dor de estômago, o que forçou o cancelamento de compromissos. Ele foi para uma sala de emergência uma das noites, mas saiu depois de entreouvir uma enfermeira dizer: “Ele não passa de um drogado”. Conforme escreveu em seu diário, “a dor me deixou imóvel, dobrado no chão do banheiro, vomitando água e sangue. Eu estava literalmente morrendo de fome. Meu peso estava abaixo de 45 quilos”. Desesperado por uma solução, procurou um médico australiano especializado em bandas de rock. Na parede do consultório, orgulhosamente exposta, estava uma foto do médico com Keith Richards. “A conselho dos meus empresários, fui levado a um médico que me deu Physeptone”, escreveu Kurt em seu diário. “As pílulas pareciam funcionar melhor do que qualquer outra coisa que eu tentara.” Mas algumas semanas mais tarde, depois que a excursão chegou ao Japão, Kurt notou que o rótulo do frasco dizia: “Physeptone - contém metadona” e escreveu em seu diário: “Viciado novamente.”

Depois do casamento e de volta para Los Angeles, Kurt mais tarde desqualificou o seu maior consumo da droga dizendo que era “Muito menos turbulento do que todo mundo pensa”. Ele contou para Azerrad que decidiu continuar a ser um viciado porque achava que “se parasse na época, acabaria tomando de novo pelo menos pelos próximos dois anos o tempo todo. Imaginei que eu só iria me irritar com isso porque ainda não tinha passado pela sensação de drogado total. Eu ainda era saudável”. Sua dependência química e psicológica já era grande naquela etapa, e seus comentários eram uma tentativa de minimizar o que havia se tornado um vício debilitante.
Em março, a preocupação em torno da crescente dependência de Kurt e seu efeito em Courtney levou seus empresários a tentarem uma primeira intervenção formal. Contratam Bob Timmins, um especialista em dependência de drogas cuja fama se contruira no trabalho com astros do rock. O médico sugeriu que Kurt considerasse sua internação em um programa de tratamento de dependência química. “Meu conselho foi aceito. O motivo pelo qual recomentei esse programa específico era que ele era desenvolvido no hospital Cedars-Sinai, e eu achava que algumas questões médicas se evidenciaram em minha avaliação. Não se tratava de dizer apenas ‘faça o tratamento, desintoxique-se, vá para reuniões’. Havia muitas questões médicas envolvidas.”, disse Timmins.
No início, a permanência de Kurt no Cedars-Sinai ajudou-o consideravelmente, e logo ele parecia sóbrio e saudável. Mas, embora concordasse em continuar com a metadona - uma droga que bloqueia a síndrome de abstinência sem produzir euforia -, ele terminava o tratamento cedo e evitava as reuniões dos 12 Passos. “Ele definitivamente não era uma pessoa sociável. Essa parte de sua personalidade provavelmnente atrapalhava o processo de recuperação.”, disse Timmins.
Atormentado por sua dor de estômago cada vez pior, Kurt considerou o suicídio. “Instantaneamente recuperei aquela conhecida náusea e queimação e deicidi me matar ou deter a dor. Comprei um revólver, mas preferi ficar com as drogas.”, escreveu em seu diário. Ele abandonou a metadona por um tempo e logo voltou de vez para a heroína. Quando nem sequer as drogas pareciam aliviar a dor, ele acabou decidindo tentar de novo o tratamento, depois de pressionado por Courtney e pelos empresários. No dia 4 de agosto de 1992, Kurt internou-se na unidade de reabiltitação de drogas do hospital Cedars-Sinai para sua terceira reabilitação. Ele havia começado a se consultar com um novo médico - consultara uma dúzia de especialistas em dependência química durante 1992 - e concordara com um programa de desintoxicação intensiva de dois meses. Foram dois meses de “fome e vômito. Enganchado a uma intravenosa e gemendo alto com a pior dor de estômago que eu jamais havia sofrido”, escreveu em seu diário.
Em 18 de agosto de 1992, nasce sua filha, Frances Bean Cobain. Cobain foi acompanhar o parto, que aconteceu no mesmo hospital em que fazia o tratamento. Sua reabilitação não estava indo bem - ele se via incapaz de ingerir comida e passava a maior parte do tempo dormindo ou vomitando. Courtney foi até a sala em que Kurt residia e o levou até a ala de obstetrícia. Ele estava em total fragildiade - com pouco mais de 47 quilos e ainda preso a uma intravenosa, mal conseguia respirar. Kurt desmaiou momentos antes de Frances despontar e não a viu passando pelo canal do nascimento. Mas depois que o bebê saiu e passou pelo sugador para limpá-lo, ele o pegou no colo. Foi um momento que descreveu como um dos mais assustadores de sua vida - “Eu estava apavorado pra cacete!”, declarou a Azerrad. Mesmo passando por um dos momentos mais intensos de sua vida, Kurt foi premiado com a felicidade ao ver e sentir sua filha chegando ao mundo.
No dia seguinte, Kurt escapou da unidade de desintoxicação do hospital, comprou heroína e aplicou-se e depois voltou com uma pistola calibre 38 carregada. Kurt ficou atordoado com o artigo publicado pela revista Vanity Fair, que dizia que Courtney afirmara aplicar heroína durante a gravidez. Foi até o quarto de Courtney, e a fez lembrar de um juramento que ambos haviam feito: se por alguma razão fossem perder o bebé, eles se matariam em duplo suicídio. Ambos temiam que Frances lhes fosse tirada, e Kurt receava que não conseguiria deixar a heroína. Courtney o convenceu a continuar vivendo, pelo menos naquele momento.
Mas o desespero de Kurt começou a tomar outras proporções àquela altura. No dia seguinte, ele conseguiu que uma traficante entrasse no Cedars-Senai e, em um quarto afastado da ala obstétrica, sofreu uma overdose. A traficante disse que “nunca tinha visto alguém tão morto”. Logo uma enfermeira foi encontrada e Kurt foi reanimado, derrotando mais uma vez a morte.
Em 2 de setembro, em Los Angeles, Kurt ainda tomava metadona e estava em reabilitação, embora tivesse trocado de centro de tratamento e agora fosse um paciente do Exodus, em Marina Del Rey. Krist o visitou no centro e achou que ele parecia mal: “Ele só ficava deitado na cama. Estava simplesmente estropiado. Depois disso, melhorou, porque ficou realmente estupidificado. Tudo era muito pesado; ele era pai, estava casado, era um astro do rock e tudo aconteceu de uma vez. Para quem quer que passasse por tudo aquilo, era muita pressão, mas ser viciado em heroína quando se estava passando por aquilo, é muito diferente.”
Kurt passava o tempo todo no Exodus fazendo terapia individual, em grupo e até reuniões dos 12 Passos. Durante a maioria das noites ele escrevia em seu diário, produzindo longos tratados sobre o assunto, passando pela ética do punk rock até o preço pessoal de se viciar em heroína: “Quase todos que experimentam drogas pesadas, ou seja, heroína e cocaína, acabarão se tornando literalmente escravos dessas substâncias. Eu me lembro de alguém ter dito: ‘se você experimentar heroína uma vez, ficará viciado’. É claro que eu dei risada e zombei da idéia, mas agora acredito que isto seja a pura verdade.” E embora Kurt usar seu estômago como desculpa para se drogar, quando sóbrio ele o contestava: “Eu sinto pena de todos aqueles que pensam que podem usar a heroína como medicamento, porque, hã, que nada, isto não funciona. Abstinência da droga é tudo aquilo que você já ouviu dizer. Você vomita, você se machuca, você sua, você caga na cama como naquele filme ‘Christiane F.’”.
Ele encontrou mais sucesso em seu tratamento quando começou a consultar o dr. Robert Fremont, um conselheiro de Los Angeles que também estava cuidando da dependência química de Courtney. Fremont não poderia ter sido mais controvertido: ele havia perdido sua licença para clinicar depois de ter receitado narcóticos para si mesmo. Ele acabou recuperando a licença e voltou a clinicar, tratando dos problemas de drogas de alguns dos maiores astros de Hollywood. Ele tinha sucesso numa profissão em que os índices de recaída são extraordinariamente altos, talvez porque tivesse experiência direta com o vício. Ele defendia a prescrição generosa de drogas legais a clientes que estavam se desintoxicando, metodologia que adotou com Kurt. Em setembro de 1992, Fremont começou a usar um plano experimental - e na época legal - de tratamento em Kurt, que envolvia ministrar-lhe doses diárias de buprenorfina. Derivado da morfina, este narcótico relativamente benigno estimula os receptores do opiato do cérebro e, com isso, pode cortar o desejo pela heroína, ou assim supunha Fremont. Em Kurt, o método funcionou, pelo menos temporariamente. Sobre o assunto, Kurt descreveu em seu diário: “Fui introduzido na buprenorfina, que descobri que alivia a dor do estômago em questão de minutos. Ela tem sido usada experimentalmente em alguns centros de desintoxicação para a interrupção do consumo de opiatos e de cocaína. A melhor coisa nela é que não há nenhum efeito colateral conhecido. Ela atua como um opiato, mas não deixa você alto. A classe de potência da buprenorfina é a de um barbiturato moderado, e numa escala de uma dez, é de grau um, e a heroína, grau dez.”
Em janeiro de 1993, o Nirvana visitou o Brasil para a realização de dois shows, um em São Paulo e outro no Rio de Janeiro. Kurt levou consigo doses de buprenorfina, e não heroína, pelo que tudo indica. Nesse período, o narcótico já não continha completamente seu desejo pela droga. Ele sofreu com a abstinência da heroína, que era muito difícil de ser encontrada no Brasil. Tentou compensar seu vício usando bolinhas e biritas. Apesar de muito atordoado, Kurt conseguiu se divertir com Courtney durante a estadia no Brasil.
No verão de 1993, Kurt continua com seu vício pesado em drogas. Ele sentia-se culpado porque raramente conseguia se manter sóbrio. Embora estivesse exteriormente mais contente tomando drogas, por dentro, na contradição louca que é o vício, ele estava cheio de remorso. Seus diários eram marcados por lamentações sobre sua incapacidade de ficar sóbrio. Naquele verão, o médico de reabilitação de drogas de Kurt, Robert Frement, foi encontrado morto em seu escritório. Sua morte foi atribuída a um ataque cardíaco, embora seu filho insistia no fato de que o pai havia sucumbido ao uso de drogas e acabou suicidando-se com uma overdose. Numa entrevista concedida na época, Kurt mentia sobre seu uso em heroína - disse a Jon Savage, seu entrevistador, que “tomara heroína por cerca de um ano, de vez em quando”. Naquela noite, Kurt tomou uma overdose e quando acordou, parecia totalmente ressuscitado.
Em janeiro de 1994, Kurt e Courtney compraram uma nova casa em Seattle. Mudaram-se então para o Lake Washington Boulevard. Lá, Kurt tinha Dylan Carlson como principal companheiro e costumava injetar-se na companhia do amigo. Courtney tentou impedir que traficantes chegassem até a nova casa para entregas de novas remessas, mas Kurt contratou amigos para esconder as entregas nos arbustos. O uso de drogas por Kurt havia se expandido no curso de seu vício: se ele não conseguia encontrar heroína, injetava-se com cocaína ou metanfetamina, ou usava narcóticos com receita, como Percodan. Se todas essas outras fontes secavam, ele tomava doses maciças de benzodiazepina, na forma de Valium ou de outros tranqüilizantes - eles atenuavam seus sintomas de abstinência de heroína.
Últimas Semanas — Morte
Na tarde de terça-feira, 5, Courtney mandou Eric Erlandson, seu amigo e guitarrista do Hole, ir até a casa do Lake Washington procurar por Kurt. Ele encontrou-se com Cali e Jessica e os três procuraram por Kurt, armas e drogas. Tentativas todas em vão. Ninguém pensou em procurar na garagem e na estufa, e Erlandson saiu apressado rumo à casa em Carnation, onde a irmã de Kurt morava na ocasião. Na quarta, 6, Jessica e Cali deixaram a casa dos Cobain, mas na tarde de quinta, 7, Courtney conseguiu falar com o casal e ordenou que procurasse por Kurt mais uma vez na casa do Lake Washington. Os dois foram até lá juntos com uma amiga, Bonnie Dillard. Não encontraram nada e deixaram um bilhete com um sermão para Kurt e mandando-o procurar por Courtney. Logo que foram embora, Dillard mencionou que talvez tivesse visto algo perto da garagem, mas, amedontrados, ninguém quis voltar para checar.
Dois dias antes, 5, nas horas que antecediam a alvorada de terça feira, Kurt Cobain havia despertado em sua cama. Os travesserios ainda tinham o cheiro do perfume de Courtney. No quarto, o aroma misturou-se com o cheiro ligeiramente picante da heroína cozida - este também era um cheiro que o despertava.
Tinha sido muito difícil escrever aquele bilhete, mas ele sabia que esta segunda carta seria igualmente importante e ele precisaria ter cuidado com as palavras. Ele endereçava “Para Boddah”, o nome de seu amigo de infância imaginário. Quando soltou a caneta, havia enchido a página inteira, exceto por cinco centímetros. Ele fumara três cigarros redigindo o bilhete. As palavras não tinham saído com facilidade e havia erros de grafia e sentenças pela metade. Ele assinou dizendo “paz, amor e empatia. Kurt Cobain”. Escreveu ainda mais uma linha - “Frances e Courtney, eu estarei em seu altar” - e enfiou o papel e a caneta no bolso esquerdo do casaco.
Ele se levantou da cama e entrou no closet, onde retirou uma tábua da parede. Neste cubículo secreto havia uma arma dentro de uma capa de náilon bege, uma caixa de cartuchos de espingarda e uma caixa de charutos Tom Moore. Ele repôs a tábua, enfiou os cartuchos no bolso, agarrou a caixa de charutos e aninhou a pesada espingarda sobre seu antebraço esquerdo. Em um closet do corredor, ele apanhou duas toalhas - ele não precisava delas, mas sabia que alguém precisaria. Desceu silenciosamente os dezenove degraus da larga escadaria. Estava a cerca de um metro do quarto de Cali e não queria que ninguém o visse. Ele havia refletido sobre tudo isso, traçado um mapa com a mesma premeditação que dedicava às capas de seus discos e a seus vídeos. Haveria sangue, muito sangue, e uma bagunça que ele não queria em casa. Principalmente, ele não queria assombrar aquele lar, deixar sua filha com o tipo de pesadelos com que ele havia sofrido.
Quando se dirigia para a cozinha, passou pela soleira da porta onde ele e Courtney haviam começado a acompanhar o quanto Frances havia crescido. Apenas uma linha estava ali agora, uma pequena marca de lápis com o nome dela a cerca de 79 centímetros acima do chão. Kurt nunca mais veria outra marcas mais altas naquela parede, mas estava convencido de que a vida de sua filha seria melhor sem ele.
O corpo de Kurt foi encontrado pelo eletricista Gary Smith, que chegou à casa do Lake Washington para instalar um novo sistema de segurança. Às 8:40h da sexta-feira, 8, Smith estava perto da estufa e olhou para dentro dela. “Eu vi um corpo estendido lá no chão. Pensei que fosse um manequim. Depois notei que havia sangue na orelha direita. Vi uma espingarda estendida ao longo de seu peito, apontando para seu queixo”, relatou Gary. Ele ligou para a polícia e, em seguida, para sua empresa.
Foi possível identificar o cadáver como sendo de Kurt, embora seu aspecto fosse macabro: as centenas de bolinhas de chumbo do cartucho da espingarda haviam espandido sua cabeça e o haviam desfigurado. A polícia retirou as digitais do corpo e as impressões batiam com àquelas já arquivadas no caso da prisão por violência doméstica.
A maior parte dos restos mortais de Kurt ficou depositada em uma urna no endereço do Lake Washington, até 1997, quando Courtney vendeu casa, mas insistiu num arcordo que lhe permite voltar um dia e remover o salgueiro.
Por fim, Frances Bean Cobain, então com seis anos de idade, espalhou as cinzas do pai no riacho McLane, em Olympia, Washington - elas dissolveram e flutuaram na corrente. Em diversos sentidos, este era, também, um local adequado para o descanso…
Nenhum comentário:
Postar um comentário